Resenha: Triangle Strategy

A resenha de hoje é sobre um jogo que comprei no Natal de 2022, mas só joguei no de 2024. É o grande exemplo de como esse período foi de muitas mudanças e transições, que finalmente estão caminhando para uma estabilidade física e mental. Dias melhores estão acontecendo!

Triangle Strategy é um jogo de RPG tático desenvolvido pela Square Enix. Ele surge no que parece ser um movimento do estúdio de desvincular alguns de seus lançamentos do nome Final Fantasy, dando luz a novas franquias para que elas que possam construir suas próprias identidades e fanbases (vide Bravely Default e Octopath Traveler).

Ele se passa no continente de Norzelia, que é constituído de três grandes nações: o Reino de Glenbrook, abençoado por rios e terras férteis para a agricultura; o Grande Ducado de Aesfrost, uma região fria e montanhosa rica em ferro; e o Santo Estado de Hyzante, uma região desértica que monopoliza sal, a principal especiaria do continente.

Aqui, você controla o protagonista Serenoa Wolffort. Ele é filho do chefe da Casa Wolffort, uma das casas nobres do Reino de Glenbrook e especialista em assuntos militares, além de ter sido peça-chave na guerra que assolou o continente 30 anos antes dos dias atuais.

A história começa com as três nações celebrando uma empreitada em uma exploração conjunta de uma nova mina descoberta no Reino de Glenbrook. Em paralelo, temos os preparativos do casamento de Serenoa Wolffort com Frederica Aesfrost, irmã mais nova do duque, com o objetivo de “fortalecer os laços entre as duas nações”.

Entretanto, no meio de tanta festividade, há um clima de tensão sobre as verdadeiras intenções de cada nação. Esse clima resultará em incidentes históricos e as reações de Serenoa a cada um moldarão o futuro de Norzelia.

Já falei que Triangle Strategy é um RPG tático. Porém, muito além do combate, seu grande atrativo são as etapas de persuasão, isto é, reuniões que Serenoa e seu grupo fazem para tomar decisões que podem alterar o curso da história, como acompanhar a delegação de uma nação ou de outra em uma viagem, e denunciar um esquema de corrupção ou ser cúmplice em troca de favores de ambas as partes.

Cada personagem tem suas próprias convicções e alguns já têm seus votos decididos, enquanto outros permanecem indecisos. Por outro lado, Serenoa (ou você, o jogador) pode conversar com seus aliados e persuadi-los a mudar de ideia, tentando convencê-los utilizando fatos e informações que você adquiriu durante explorações e conversando com NPCs, ou simplesmente “falando o que eles querem ouvir”. Você só vai saber se sua persuasão foi bem-sucedida, ou não, na etapa de votação.

Por fim, a decisão mais votada é tomada e todos devem arcar com suas consequências.

Pedir pizza ou ir ao dogão da esquina???

Convicção é a palavra que define Triangle Strategy. O sistema de convicções é dividido em três linhas de pensamento: Moralidade, Liberdade e Utilidade. As atitudes que Serenoa toma durante o combate, os diálogos e as votações alimentam parâmetros in-game invisíveis ao jogador. Estes que definirão quais personagens serão recrutáveis no decorrer do jogo. Em outras palavras, personagens com “alinhamento moral” próximo ao seu ficarão mais inclinados a entrar para o seu exército.

E, por falar em exército, não podemos esquecer do sistema de combate. É o clássico tabuleiro isométrico quadriculado que estamos acostumados. Cada personagem possui classes e habilidades únicas que se aprimoram conforme sobe de nível ou refina seu equipamento. É possível explorar o terreno e o posicionamento das unidades, causando dano extra ao atacar alguém pelas costas, flanqueando ou de um terreno mais alto. Por fim, temos as magias elementais que também afetam o terreno, como fogo queimando pastos, gelo congelando o chão e dificultando o movimento, vento que empurra unidades, relâmpagos que se espalham na água, e muito mais!

De forma bem resumida, cada capítulo trará pelo menos uma etapa de exploração, uma etapa de votação ou uma etapa de combate. Por isso, é muito importante se planejar não só para a luta, mas também para a diplomacia.

O jogo é inteligente ao te colocar em situações moralmente cinzentas e com personagens tendo bons argumentos para defender cada alternativa. Inclusive, você pode acabar se apegando a alguns e até se sentir culpado por ir contra suas ideias. Em toda etapa de votação, não teve um momento no qual eu me sentisse 100% satisfeito e não pensasse “será que eu deveria ter escolhido outro caminho?”.

Bom, é para isso que New Game+ existe, não é? Triangle Strategy é um jogo que definitivamente renderá novas partidas, principalmente por ter 4 finais alternativos. Cada final possui desfechos completamente diferentes uns dos outros, e isso é uma coisa muito boa. Porém, preciso fazer uma crítica (afinal, isto é uma resenha): cada rota possui cerca de 20 capítulos. Durante a história, você toma, sim, decisões que alteram o meio da sua jornada. Mas a decisão que determina seu desfecho é tomada muito próximo do fim e de forma independente das outras. Ou seja, acaba criando um sentimento de “todas as decisões que tomei até aqui foram irrelevantes?”.

Em contrapartida, um dos finais, também conhecido como “a rota de ouro” ou “final verdadeiro”, necessita de informações que são obtidas em rotas específicas do jogo, onde Serenoa precisa ponderar bastante sobre como utilizá-las ao seu favor e mostrar aos seus companheiros um novo caminho. Então, fica o questionamento: por que não repetir a mesma receita para os outros finais e tornar as decisões de meio de jogo ainda mais impactantes?

De qualquer forma, Triangle Strategy é um jogo visualmente bonito e é uma ótima recomendação para quem está sedento por RPGs táticos e gosta de histórias com múltiplas ramificações. Espero que a Square Enix abrace o projeto e tenhamos continuações no futuro, assim como tivemos com os já mencionados Bravely Default e Octopath Traveler.

Triangle Strategy está disponível para PC (Steam) e Nintendo Switch. Este último, com uma demo gratuita dos 3 primeiros capítulos.

Até a próxima o/