Resenha: Paper Mario 64

No mês passado, foi comemorado o "Dia do Mario". Mais especificamente, no dia 10 de Março (March 10th → Mar 10 → Mar10 → Mario, sacou?). Como a franquia Mario é um grande marco na minha vida por ter sido meu primeiro contato com videogames, eu decidi criar meu próprio "ritual" de comemoração, batizado carinhosamente de "Mariotona". Nela, eu tiro o mês de Março exclusivamente para rejogar clássicos do bigodudo. É uma forma de celebrar os jogos que marcaram minha infância e adolescência. E assim, comecei um hábito que pratico desde 2023.

Porém, neste ano, resolvi fazer uma abordagem diferente: e se eu jogasse algo novo? Havia um jogo em específico que sempre despertou meu interesse, mas nunca o consegui jogar apropriadamente - era Paper Mario, o original de Nintendo 64. Na época, no hype do maravilhoso Super Mario RPG - The Legend of the Seven Stars, fui atrás de mais jogos de RPG da franquia. Foi então que eu ouvi falar de um "Super Mario RPG 2", que posteriormente seria batizado de "Paper Mario" e se tornaria uma franquia própria.

Eu não tive um Nintendo 64 e os emuladores disponíveis (sem hipocrisias aqui) rodavam o jogo com instabilidade. Porém, encontrei a oportunidade perfeita recentemente: o Nintendo Switch Online. Com o Expansion Pass, você tem acesso a biblioteca do Nintendo 64 com uma emulação fidedigna. Com um Plano Família anual dividido entre 8 membros, ele fica em um preço justo para ter o acesso aos jogos em uma reprodução de qualidade. E, dessa forma, a dívida com a infância começa a ser paga.


Apesar do nome original, ele não era uma sequência direta de The Legend of the Seven Stars. Na verdade, era um jogo com mecânicas e designs completamente diferentes. Para começar, em vez de modelos 3D em perspectiva isométrica, todo o jogo tem estética de bonecos de papel em um livro de contos de fadas (aliás, a introdução do jogo é assim). A história começa com a Princesa Peach dando em uma festa em seu castelo com a presença de Mario, Luigi e seus amigos. De repente, a festa é invadida pelo vilão Bowser, que entra em confronto com Mario. Quando o vilão parecia derrotado logo no começo, ele revela sua arma secreta: a Star Rod. Uma varinha poderosa roubada dos espíritos estelares que lhe dá invencibilidade e é capaz de realizar desejos. Assim, Bowser vira a partida, derrota nosso herói e usa os poderes da Star Rod para despachá-lo do castelo enquanto o ergue aos céus e o toma para si, sequestrando a Princesa Peach no processo. Agora, Mario precisa resgatar os 7 espíritos estelares, que estão sob posse dos capangas de Bowser, derrotar o vilão, recuperar a Star Rod, resgatar a princesa e salvar o Reino dos Cogumelos.

Em termos de jogabilidade, Paper Mario é uma mistura de 3D com 2D. Sim, o mapa onde você caminha o jogo inteiro é tridimensional. Porém, os personagens em seu design de papel são todos bidimensionais, fazendo o jogo parecer um plataforma 2D em algumas ocasiões. Em combate, Mario terá duas opções de ataque: pular nos inimigos ou esmagá-los com um martelo. Cada inimigo possui fraquezas e resistências a cada ataque. Por exemplo, inimigos pontudos, flamenjantes ou elétricos não podem ser atacados com pulos, enquanto voadores e cascudos não podem ser atacados com martelos. Em uma herança do Super Mario RPG original, você possui ataques e bloqueios dinâmicos. Se pressionar botões ou fizer comandos no tempo certo, causará mais dano ou receberá menos dano. Por fim, você pode equipar broches que podem aumentar seu ataque, defesa, vida ou energia, além de permitir utilizar golpes especiais.

O que mais me impressionou em Paper Mario foi seu mundo vivo. Por mais que eu ame o Super Mario RPG original, não vou negar que eu sentia uma certa estranheza ao me deparar com inimigos fora do padrão da franquia (provavelmente, influência da Square). Paper Mario traz uma nova visão desses inimigos clássicos, transformando-os em habitantes comuns de um grande reino. Logo, você verá Goombas, Koopas, Boos, Shy Guys, etc vivendo em paz e harmonia. Nem todos seguem ordens de Bowser. Inclusive, alguns até serão seus aliados em sua jornada.

Complementando, o jogo também traz muitas referências aos seus antecessores, tanto nos personagens quanto na música. Desde a trilogia Super Mario Bros até Super Mario World, passando por Yoshi's Island. Seria um jogo que eu definitivamene iria adorar jogar quando criança. Era como se fosse uma continuação direta das aventuras 2D do Super Nintendo.

Por outro lado, o tempo passou e alguns aspectos do jogo também acabaram envelhecendo. Paper Mario não possui salvamento automático. Se você der Game Over em algum lugar, irá direto para a tela de início e perderá todo o seu progresso até o último ponto de salvamento. Portanto, o jogador precisará caminhar com cautela, pois uma batalha despreparada pode lhe custar mais algum tempo de jogo recuperando a experiência que perdeu. Ironicamente, isso não acontecia no Super Mario RPG original. Este também não tinha salvamento automático, mas ao menos conservava sua experiência para poupar o jogador de combates excessivos.

Outro ponto que me incomodou foi a bolsa de itens "pequena". Frequentemente, eu tinha que descartar itens obtidos em combate ou no mapa pois a minha bolsa estava cheia, ao ponto de quebrar um pouco da imersão em alguns momentos. Isso contrastava com a facilidade do jogo em acumular moedas. Você ganhava uma quantidade razoável no mapa ou em combate, mas tinha dificuldades para gastá-las pois sua bolsa estava sempre cheia. Mesmo em combate, os itens de cura eram pouco usados pois sempre havia um bloco de cura - que recuperava toda sua vida e mana - por perto. Mas, até em lutas contra chefes, a cura dos itens era tão pouca que valia mais a pena partir para o ataque e derrubar o chefe antes que ele te derrubasse primeiro. E muitas vezes, você conseguia.


Spoiler: Esse inimigo é recorrente e chato pra c*.

Paper Mario ainda assim é uma grande aventura do bigodudo. Talvez o fato de ter sido lançado em 2001 no Ocidente, no fim da vida do Nintendo 64, tenha ofuscado suas vendas e marketing (fora que o próprio console vendeu muito pouco em relação ao concorrente Playstation). Porém, isso não impediu o jogo de ter seu sucesso reconhecido e ganhar uma franquia por si só. Seu sucessor, Paper Mario: The Thousand Year Door, foi lançado no Game Cube e foi outro sucesso do console, considerado o melhor jogo da franquia. Hoje em dia, a franquia parece meio perdida, sem conseguir repetir o sucesso que foi TTYD (tanto é que foi remasterizado para o Nintendo Switch). Enquanto o jogo tenta se reinventar por meio de suas "mecânicas de papel", muitos sentem falta do aspecto RPG original e histórias tão boas quanto as do começo da série.

O Nintendo Switch 2 foi anunciado recentemente. O jeito é aguardar o próximo lançamento e torcer para que os desenvolvedores estejam inspirados.

Até a próxima o/